Lição 5 – A influência das estações do ano na propagação
A incidência de radiação solar é determinante nas comunicações em ondas curtas, logo, é importante conhecer bem os movimentos da Terra em relação ao Sol pois a ionização depende não apenas da hora do dia como também da estação do ano.
Na metade da Terra que recebe a radiação solar é dia e a outra metade, em oposição ao Sol, é noite (figura 7). Como a Terra gira em torno de si mesma em um período de 24 horas (movimento de rotação), tem-se, em média, 12 horas de luz e 12 horas de escuridão.
A volta da Terra em torno do Sol é denominada movimento de translação e dura 365 dias e 6 horas. Como o eixo da Terra, reta imaginária que passa pelos polos Norte e Sul, não é perpendicular ao plano orbital, tem-se as estações do ano. A inclinação deste eixo em relação à reta perpendicular ao plano orbital é de 23,5°. Assim, dependendo da estação do ano, tem-se maior ou menor incidência de radiação solar (figura 8).
No período de 23 de setembro a 21 de março, na região tropical do hemisfério sul da Terra, o Sol encontra-se, conforme a latitude, perpendicular à superfície ao meio-dia. No dia 22 de dezembro, o Sol encontra-se o mais ao Sul possível, mais precisamente sobre o Trópico de Capricórnio, de modo que ao meio-dia, quem estiver sobre a linha do trópico, estará exatamente sobre sua sombra. No dia 21 de junho, o Sol estará mais ao Norte possível, estando perpendicular ao Trópico de Câncer. Nota-se que enquanto é verão no hemisfério sul do planeta, é inverno no hemisfério norte e vice-versa (figura 9).
Estes fenômenos influenciam na propagação de ondas curtas porque o estado da ionosfera depende do período de tempo e da intensidade da radiação solar a que se encontra submetida. Isto nos mostra que deve-se considerar a estação do ano e a atividade solar ao considerar a frequência a ser utilizada numa transmissão de ondas curtas.
Desta forma, ocorrem as mudanças nos horários de transmissão das emissoras de ondas curtas, que se iniciam no 1º domingo de março para o período equinocial de março-abril; 1º domingo de maio para o solstício de verão do hemisfério norte; 1º domingo de setembro para o período equinocial de setembro-outubro e o 1º de novembro para o solstício de inverno do hemisfério norte.
Uma outra análise é relativa à duração do dia. O dia e a noite têm a mesma duração nos lugares localizados a mesma latitude na Terra, dias longos no verão e noites longas no inverno. Como a Terra gira ao redor de seu eixo Norte-Sul, o período de luz diurna desloca-se do leste para o oeste; Desta forma, o meio-dia de onde você vive, estará deslocado para o leste em algumas horas. Isso é importante recordar, especialmente nas comunicações leste-oeste e seus pontos de controle.
Finalmente, os lugares da Terra com pouca diferença de longitude têm a mesma hora. Quando em Lima, capital do Peru, são 12 horas, em Nova York também será. Naturalmente, ocorrem pequenas diferenças devido aos fusos horários estabelecidos. A análise fica um pouco mais complicada quando se está nas proximidades da Linha Internacional da Data, o antemeridiano de Greenwich, a linha que se estende de Norte à Sul e passa entre o Alasca e a ponta oriental extrema da Sibéria, descendo pelo Oceano Pacífico e passando a leste da Nova Zelândia.
A partir da próxima lição, começaremos a falar sobre a previsão prática de propagação. Você conhece a carta de isocurvas?